quarta-feira, 11 de julho de 2018

Noite

vino morais

Noites africanas langorosas,
esbatidas em luares...,
perdidas em mistérios...
Há cantos de tungurúluas pelos ares!

Noites africanas endoidadas,
onde o barulhento frenesi das batucadas,
põe tremores nas folhas dos cajueiros

Noites africanas tenebrosas...,
povoadas de fantasmas e de medos,
povoadas das histórias de feiticeiros
que as amas-secas pretas,
contavam aos meninos brancos...

E os meninos brancos cresceram,
e esqueceram
as histórias...

Por isso as noites são tristes...
Endoidadas, tenebrosas, langorosas,
mas tristes... como o rosto gretado,
e sulcado de rugas, das velhas pretas...
como o olhar cansado dos colonos,
como a solidão das terras enormes
mas desabitadas...

É que os meninos brancos...,
esqueceram as histórias,
com que as amas-secas pretas
os adormeciam,
nas longas noites africanas...

Os meninos-brancos... esqueceram!...

Autor : Alda Lara
1948-Outubro (Poemas1966)

2 comentários:

Larissa Santos disse...

Bom dia. Parabéns pelo poema sublime.
:))
Poema do Gil António, que, foi gozar as suas merecidas férias e, " me deixou de serviço" kkkk :) Esperamos que entendam. Obrigada.

Cartas escritas em letras esquecidas

Bjos
Votos de uma óptima Quarta- Feira.

LuísM Castanheira disse...

- não esquecemos, não!

belíssimo poema da Alda Lara, que muito aprecio.
conhecia...mas gosto de ler aqui.

um beijo, B