Há nesta memória uma inóspita dor. Subterrânea.
Ou talvez uma gravidez calada.
E um rastilho aberto (ainda não fogo).
E um murmúrio de água que se deslaça do interior da pedra
Antes da fonte. E os dedos de colhê-la.
Ou a sede que se pressente
Neste arfar. E no desalinho da cidade...
Há nesta espera um novelo
Que os olhos desfiam. Gota a gota...
E há um estio bravio. E uma inquietação que lampeja.
E uma dor que se faz canto e uma centelha
Que almeja. E o fio oculto da chama.
Ou um grito.
Há talvez um dia outro - que a memória se desprenda!...
Ou uma brisa. Que incendeia. Ou um mar. E gente
Sofrida que não cala.
Há talvez alamedas. Míticas e cheias.
E flores no cântico das armas.
Que então a pedra seja chama. E as praças sejam parto.
E os corpos se incendeiem.
E a água seja cântico.
E Abril seja límpido. E claro.
E a justiça viceje no rosto do meu Povo.
E na boca dos famintos...
Autor : Manuel Veiga
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25 de Abril, Sempre!...
http://relogiodependulo.blogspot.pt/2014/04/
4 comentários:
Antológico, este poema do MV.
É preciso 'matar' todas as fomes...
Um bj.
Excelente a sua escolha.
Uma das melhores escolhas aqui.
Este poema do Poeta Manuel Veiga
é magnífico, assim como o poema
deste ano dele para a comemoração
do 25 Abril Sempre!
Bj.
claro que não me importo
fico muito grato pela gentileza, amiga.
fica muito bem aqui o poema.
beijo
muito honrado também com a amável referência do Luís
e o carinhoso comentário da Suzete, dois bons amigos,
que também muito prezo.
Sempre presente nas memórias vivas
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