Norvz Austria
De tanto olhar pelo olho de vidro da dor
secaram-se-me os olhos.
Faço-me e desfaço-me em pele por vestir
um olhar apagado no passar dos teus dias
onde não me acho real.
O tempo habitua a dor para que já não doa.
Depois que se entende tudo é um denso vazio
a apontar o lugar onde antes havia uma ferida.
Ali esgravato para que sangre sobre a folha
duas ou três gotas de um verso só
onde um mundo gira ao contrário
para chegar ao encontro das horas.
Amarro o teu nome à palavra instante
antes que durma
e até por detrás do véu dos sonhos
o instante não é nome
ou palavra mais ou menos que seja
do que aquilo que na minha noite mergulha:
- coisa nenhuma.
O relógio marca a ilusão
de um amanhã que não chega.
Ainda assim te digo
até amanhã...
Autor : Sónia M
http://soniagmicaelo.blogspot.pt/
2 comentários:
outro amanhã nascerá...
um belo poema na dor não consentida.
Deixo um beijo.
Obrigada!
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