sexta-feira, 11 de março de 2016

Curvam-se os dias


Saul Landell

Curvam-se os dias. E no declive
A íntima inquietude de meus passos...

Amável embora a sombra espraia-se
Em azul neutro. Névoa desprendida
A derramar prenúncios. Quase tímida.
Dulcificando a erosão da cor e abrindo-se
Vagabunda ao seu destino espúrio...

Sem alardes. Que nada pode a subtileza do voo
Nem a coada luz da nuvem...

Apenas a rota das trevas e a imanência do sopro
A moldar a curva e a frágil senda
E os calcinados sonhos
Do poeta...

Autor : Manuel Veiga

1 comentário:

Dilmar Gomes disse...

Eis um poema profundo. Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas um ótimo fim de semana.