Carlos Henrique
a poesia vive de palavras descalças
e de praias onde as pegadas
são tão leves quanto o sal.
vive do som de punhais deslizando
pela noite, e de madrugadas florindo
como a cauda de um pavão.
vive de desertos onde a música
é porcelana ao vento, e de jovens
que cantam o vinho do sonhador.
vive da aflição de memórias morrendo
com a chuva, e de anjos
que lavam a dor de cada noite.
a poesia vive em ti, mas não por ti.
a poesia és tu, o teu nome, um verbo,
cada sílaba, migalha de luz.
Autor João de Mancelos
In O pó da sombra. Lisboa: Colibri, 2014.
3 comentários:
A poesia respira por guelras
Bj
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~~ Muito belo, Beatrice...~~
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~ Abraço grato pela partilha.
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Boa noite
Passei pelo teu cantinho para te dar a conhecer o meu modesto espaço de poesia.
Espero que gostes. Um abraço, Ana Pereira
http://almainspiradora.blogspot.pt/
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