Eu sei quanto me amaste
mas o silêncio tolheu-te
a palavra
de mudez
Um na frente do outro
nenhum deu o primeiro passo
sempre da outra margem
nos olhámos
Em que ponto
lugar
e circustância
se tornou pedra o desencontro?
ou será que nunca foi vento e sopro?
Como ilhas
juntos caminhámos
cada um cercando o outro
e o cerco do outro
o outro vigiando
Mil vezes me tiveste
e eu te tive
e nelas não me tiveste
nem te tive
insatisfeito e amargo
o fim de cada abraço
Desespero, grito, raiva
explodindo em soluços
na garganta cortada
tudo sabendo um do outro
e impossível a fala
As vozes que habitavam em nós
foram caladas
Tanto e tão mal nos amámos
vício do sofrimento
que apenas a morte de um
pode quebrar.
Autor : Angela Leite
in «Metáforas Sobre o Amor»
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