domingo, 21 de outubro de 2012

É quase meia-noite



É quase meia-noite, vou até à varanda e sinto frio.   Lá em baixo um cão corre, saltando as poças de água que se formaram com a chuva que hoje caiu ininterruptamente.   Passou mais um dia, sem nada de novo.   Tenho o nariz a pingar e resolvo entrar para dentro.   Esta casa é pequena.   Tenho em cima da mesa jornais velhos, nem os li, separo-os.  Amanhã vão para o lixo.  Retiro as fotos que tenho sobre a mesa-de-cabeceira, que me sorriem, e já não me dizem nada.   Ou talvez digam.   Eu é que já feneci.   Depois desse tempo em que ainda sorria e fazia pose,para a câmera.  Hoje foi a última vez que assinei o meu nome, com uma parte do dele.   Assinei e não volto mais a assinar.   Isso não importa.   É apenas um nome.   Tenho frio.   E não tenho sono!   Apenas tristeza.   E uma solidão imensa espalhada por toda a casa, uma solidão maior que a casa que até é pequena.
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BeatriceM 2012/10/21

10 comentários:

Ernesto Castanha disse...

Olá tudo de bom ...
Muito lindo o seu Poema , Leia sempre os jornais nos dias de chuva .

Abraço e bom domingo

Ernesto

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Muito, muito interessante, parabéns adorei ler.

Luna disse...

temos momentos assim que por vezes denmoram mais do que seria previsto em que muita cvoisa deixa de fazer sentido e o sentido da vida fica perdida
bjs

O Profeta disse...

Sopram ventos de melancolia
Transparente é o cinza que a tua alma encerra

A minha pobreza é a falta de um par de asas
Encontrei um lugar de reinvenção das sombras
Pensei virar as costas ao tempo e ao deslumbramento
E aí houve estranhamente o amanhecer das minhas palavras

E passei para te deixar


Um mágico beijo

Lídia Borges disse...


Há dias que entram pela noite adentro para aprenderem a solidão.

Felizmente há sempre manhãs luminosas no horizonte à espera de um novo acordar.

Um beijo

Pintor de Palavras disse...

... quando a chuva da nostalgia nos encharca a alma de tristeza, há sempre um novo abraço amigo que nos aquece!
Um abraçooooooooooooo

MARILENE disse...

Não é o nome perdido que traz o vazio, mas a ausência que se espalha onde a vida já foi partilhada. Bjs.

Mar Arável disse...

Amanhã será outro dia

no ciclo das marés

A M disse...

Tão simples, tão lindo e tão verdadeiro.

Ana Oliveira disse...


Em tempo de pausa uma porta que se fecha a tornar a casa mais pequena que a alma só e um nome dividido que ainda não se sabe pronunciar...

Um beijo, Beatrice