É quase meia-noite, vou até à varanda e sinto
frio. Lá em baixo um cão corre, saltando as poças de água que se formaram com a
chuva que hoje caiu ininterruptamente. Passou mais um dia, sem nada de novo. Tenho
o nariz a pingar e resolvo entrar para dentro. Esta casa é pequena. Tenho em
cima da mesa jornais velhos, nem os li, separo-os. Amanhã vão para o lixo. Retiro as fotos que tenho sobre a mesa-de-cabeceira, que me sorriem, e já não me
dizem nada. Ou talvez digam. Eu é que já feneci. Depois desse tempo em que ainda
sorria e fazia pose,para a câmera. Hoje foi a última vez que assinei o meu nome, com uma
parte do dele. Assinei e não volto mais a assinar. Isso não importa. É apenas um
nome. Tenho frio. E não tenho sono! Apenas tristeza. E uma solidão imensa espalhada
por toda a casa, uma solidão maior que a casa que até é pequena.
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BeatriceM 2012/10/21
foto Wieczorynka
10 comentários:
Olá tudo de bom ...
Muito lindo o seu Poema , Leia sempre os jornais nos dias de chuva .
Abraço e bom domingo
Ernesto
Muito, muito interessante, parabéns adorei ler.
temos momentos assim que por vezes denmoram mais do que seria previsto em que muita cvoisa deixa de fazer sentido e o sentido da vida fica perdida
bjs
Sopram ventos de melancolia
Transparente é o cinza que a tua alma encerra
A minha pobreza é a falta de um par de asas
Encontrei um lugar de reinvenção das sombras
Pensei virar as costas ao tempo e ao deslumbramento
E aí houve estranhamente o amanhecer das minhas palavras
E passei para te deixar
Um mágico beijo
Há dias que entram pela noite adentro para aprenderem a solidão.
Felizmente há sempre manhãs luminosas no horizonte à espera de um novo acordar.
Um beijo
... quando a chuva da nostalgia nos encharca a alma de tristeza, há sempre um novo abraço amigo que nos aquece!
Um abraçooooooooooooo
Não é o nome perdido que traz o vazio, mas a ausência que se espalha onde a vida já foi partilhada. Bjs.
Amanhã será outro dia
no ciclo das marés
Tão simples, tão lindo e tão verdadeiro.
Em tempo de pausa uma porta que se fecha a tornar a casa mais pequena que a alma só e um nome dividido que ainda não se sabe pronunciar...
Um beijo, Beatrice
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