domingo, 27 de fevereiro de 2011

A tua voz

Segurar a tua voz
É comer
Frutos silvestres
Acerejados de mel
Espalhados no teu corpo
Adormecer com a tua voz
É fundir
A nossa pele
No olhar que arremessas
A cada onda de prazer
Acordar com a tua voz
É a certeza
A desnudar
A criança de incertezas
No teu fogo de mulher
.
Autor:Nilson Barcelli http://nimbypolis.blogspot.com/

domingo, 20 de fevereiro de 2011

...


Boca
Louca
Entreaberta...


Oferta
De sabores:
Caramelo
Ou menta
Que fermenta!

Licor
De amor
Paladar
De amar...

Mel
Que escurre
Em tua fome...

E penetra
Língua
Lenta
Deglutida
Assaz
Perdida...

Côncavas
Gargantas
Curvas...

Lonjuras
De febre
Que ardem...

E em ti
Se acolhem
E em mim
Morrem...

Espasmos
De gozo
Sem freio
Que em ti
Pastoreio...
.
Autor :Senador
Foto:Paulo Rebelo Lorient

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O som de um sorriso

Tenho os olhos a voar nos silêncios de uma noite escura, como uma nau que procura as estrelas que lhe segreda caminhos.Sorrio silêncios, como só os olhos sabem gritar...
.
Autor :Almaro
Foto:Almaro

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sob a lua

Sob a lua
A prata
E o calor
Que se quer
Em tua Cama...

E na chama
Da noite
Que voa
Me entrego
Á toa...
.
Sou fogo
Sou jogo
De água
Que ferve
Do tempo
Que arde
E se Faz dia...
.
Autor :Senador
Foto:szarareneta.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Poema Furtivo


Desdobra-se a tela
E o rosto
São os semicerrados olhos...
.
E água o gesto puro
Das linhas
Decifradas...


(A cor. Não desejo
Ainda…)
Os tons breves e o silêncio


Que apenas os gestos
Gritam.


E a pele abrindo-se…


(A sede.
Não ainda
Arde...)

Desnuda-se o olhar
Lento.
Amacia-se o corpo…

(Cor e gesto
Ainda... )
E o fogo agora

Entrelaçando-se na forma
Adivinhada…

Volátil espera
De lume e água.
Furtivo sonho...


Caligrafia do Desejo...

.
Foto: konradkkk

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Segredo


Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.

.
Autor:Fernando Pinto do Amaral

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os (teus) gestos


Disto ficarão pequenos gestos
nada grandioso que se exclame

sorte de te ter junto aos meus restos
memória da tua boca fogo infame.

Vitória do teu corpo sobre o meu
no exacto momento em que te venço

tão só correr de nuvens sobre o céu
ou no fim do mundo um recomeço.

Queria inventar-te um sítio sem palavras
em que só sobre o corpo a luz derrama

sua generosa claridade.
Lembrar-te nos momentos em que amavas

— os corpos extenuados sobre a cama —
e havia um sol de não haver idade.


.

Autor ; Bernardo Pinto de Almeida

Foto:dark nebula


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Antes que o inverno acabe


Não fixes os olhos
onde desnascem pedras
e em bando se precipitam os pássaros

Vem afagar os cães
o coração dos meus barcos

deixa que abrupta a chuva caia
em desalinho rasgue neblinas
quebre silêncios

Recolhe os sons da água
e os latidos
até que se encham os cântaros
rebente de vez a indiferença
dos ranchos
vergados a decepar videiras

Deixa que tudo se mova
Vem amar esta terra
às mãos cheias
mesmo que a voz se deite em surdina
para mais tarde acordar
a partir do chão

Deixa que abrupta a chuva caia
de preferência com relâmpagos
para te incendiar a íris
o rancho se levantar
e as videiras ganharem força

Vem
antes que o Inverno acabe
.
Autor: mar arável http://mararavel.blogspot.com/
Foto: komarek66

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Nos bicos de cereja


em cada segundo de vida
plantei a semente da ilusão
nos bicos de cereja
das colinas dos teus seios
à espera de um dia colher a flor

.

Autor :Miguel Barbosa

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Na Palma da Mão


Não tenho vocação para a saudade
é o agora que amo
em cada gesto em cada cheiro
em cada cor em cada choro.
É o brilho das coisas e a neblina
o claro e o escuro
da condensada noite,e a fluidez da manhã
acordada sozinha.

É o mistério das coisas que contemplo
olhos para o futuro que trago comigo
desde que nasci.


Autor:Angela Leite

Foto:BALTORO



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Se um dia secarem as palavras


Se um dia secarem as palavras
do rio que só nós soubemos navegar
se acordarmos sós e despidos
das quimeras que já não podemos segurar
restará ainda a velha ponte
hirta e fria, abandonada,
sobre um leito desfeito, vazio,
e alguns versos soltos pelas margens
como as folhas de outono

de nós nada mais se ouvirá

Autora : Isabel Solano 15/04/2009

Foto:Caradel Neil

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Poema

Mesmo sem ti
o meu poema nasceu.

Sem razão aparente
sem forma
sem tema.

Foste tu ausente
a origem do meu
poema.
.

Autor : Maria do Carmo Abecassis

Foto Mitsus

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sei que o silêncio morde a minha boca



Sei que o silêncio morde a minha boca.
Hoje, na melancolia de um fim de tarde,
Chamei por uma estrela solitária.
Essa que morreu antes de chamar pelo teu nome.
Sei hoje que a tua ausência
É a voz do silêncio do meu corpo,
O tempo que faltou ao nosso encontro,
Se pudesse ser outro que não eu
Talvez me pudesse despir de antigas mortes
E olhar-te na madrugada súbita dos teus olhos
E dizer-te que amanhã
É sempre o dia em que te procuro.
Amanhã, será sempre o dia em que te digo
“Amo-te”
.
Autor : Paulo Eduardo Campos in «Na serenidade dos rios que enlouquecem»

sábado, 1 de janeiro de 2011

ano novo


é dia de ano novo.
a chuva nao cai lá fora,
mas apenas dos meus olhos.


Foto: Cezary Filew


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Poética da música


Ao escrever
escrevo como quem canta
no encanto da minha imaginação
de um poema surge a canção.

E ao cantar
Não se ouve a mais pura melodia
Lêem-se apenas palavras
Que ao escrever eu não sentia.

Autor:Tiago Oliveira http://wakeupmovement2009.blogspot.com/
Foto: Ertu