sábado, 30 de agosto de 2025

Nas cidades de onde venho


Nas cidades de onde venho
secam as árvores ao som das sirenes
e os pássaros, alucinados, buscam direcções
nas pupilas das crianças.

Nessas cidades tudo é pressa e desassossego,
enquanto os homens, imprudentes, desaprendem
a sublime auscultação da terra;
nem sequer o coração dos outros podem ler
ou o rumor inconsolável das águas
– para eles aquilo que apenas vêem!

E com um nó no peito desatado
pintam de harmonia um novo Caos

Autor : Victor Oliveira Mateus
In “Pelo deserto as minhas mãos”
Imagem : Michael Zahornacky

1 comentário:

brancas nuvens negras disse...

Isso são todas as cidades. A nossa tranquilidade já é duvidosa.