quarta-feira, 19 de abril de 2023

  

Não há desespero algum neste estar só. Se permaneço imóvel é porque o silêncio é mais simples do que a voz de alguém. Na fala dos outros há sempre a rouquidão das coisas. O gemido latente das mãos a quererem mais. E no chão fora de mim há estilhaços onde corro o risco de ferir os pés. Corações que se partiram contra as manhãs de vidro dos sonhos.

Aqui estou a salvo. Neste estar só onde é impossível enlouquecer. Onde não há janelas que me atirem tempestadas. Nem sol que me arda no peito.

Autor : Virgínia do Carmo in Relevos
Imagem : Agnieszka Lorek

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Só, sim, mas voluntariamente.

" R y k @ r d o " disse...

Mais vale só que mal acompanhado, 😁
Cumprimentos poéticos