Tenho saudades do teu corpo: ouviste
correr-te toda a carne e toda a alma
o meu desejo – como um anjo triste
que enlaça nuvens pela noite calma?...
Anda a saudade do teu corpo (sentes?...)
Sempre comigo: deita-se ao meu lado,
dizendo e redizendo que não mentes
quando me escreves: «vem, meu todo amado...»
É o teu corpo em sombra esta saudade...
Beijo-lhe as mãos, os pés, os seios-sombra:
a luz do seu olhar é escuridade...
Fecho os olhos ao sol para estar contigo.
É de noite este corpo que me assombra...
Vês?! A saudade é um escultor antigo!
Autor : António Patrício, in 'Antologia Poética'
imagem : mary parker
2 comentários:
Soneto lindíssimo que me fascinou ler. Bela imagem.
Feliz fim de semana
Amei :))
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A natureza é sabia, mas por vezes dura...
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Beijos
Bom fim de semana.
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