Por dentro de mim corre um longo rio
De seiva, ao por do sol de um campo arado,
E a ceifeira, que ceifa ao desafio,
Esquecida de o ceifar, passou-lhe ao lado…
Talvez volte amanhã, se fizer frio,
Ou se o vento, ao soprar, tiver lembrado
O leito das razões que nele desfio
Na seiva em que o descrevo humanizado
Entretanto, outras foices de ceifeiras
Passaram já por ele de outras maneiras
Mas nunca desaguaram nessa foz
Que, a jusante de mim, beija as ribeiras
Quando elas se lhe oferecem, sempre inteiras
E recomeça o mar dentro de nós…
Imagem: Mariam Sitchinava
3 comentários:
Um soneto muito bonito de tantos e tão inspirados que a Maria João nos oferece. Esperamos o seu regresso recuperada.
Poema lindíssimo. Fascinante demais.
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Um dia feliz
Abraço
Muito bonito!! :)
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Amo a vida na sua forma de ser...
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Beijo e um excelente dia!
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