que não existem
recordar praças e pontes e
travessas
onde nunca morremos por ninguém
quartos na penumbra de estores
corridos
sobre a sonolência dos gatos em
agosto
onde nunca chegámos atrasados
o tampo de mármore de mesas de
café
onde as nossas mãos não se
esconderam
por alguém ter entrado antes de
nós
é tão fácil lembrar nomes e
rostos e destinos
e colocá-los em nossos ombros e
festejar com eles
as luminosas horas em que a vida
nos rodeava a cintura como um
amante possessivo
e nós repetíamos o nome das
cidades
onde nada disso tinha acontecido
é tão fácil assim
dizer adeus
sabendo que deus nem sequer
assiste
à despedida
Autor : Alice Vieira
DEVAGAR NO CENTRO DO FOGO
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