sábado, 14 de fevereiro de 2015

e agora o silêncio

Kam Kan

e agora o silêncio!

a madrugada foi cúmplice dos teus lábios nos meus, brotando mel.

e agora este silêncio.

as minhas mãos em forma de concha, vagabundeiam ao luar, querendo apanhar a luz retraída que a lua penetrando por entre as frinchas da janela entreaberta, embirra em repartir ocultamente sobre o teu corpo adormecido.

e agora o silencio.

lá fora a alvorada rompe para mais um dia metamorfoseado em dialecto de gestos inactivos. talvez vá chover, nunca te disse que gosto de sentir a chuva cair sobre a minha pele. não disse tanta coisa. não te digo tanta coisa. nem sequer que me magoa este silêncio.

o teu corpo sossegado, sorri, talvez navegue agora num sonho feito um rio de pétalas desordenadas no leito que te ampara.
vou embora!

e agora?! que faço do silêncio!


Autor  ©Piedade Araújo Sol, in Poiesis,pag 157

1 comentário:

Manuel Veiga disse...

agora o silêncio?

talvez voltar ao inicio - ao rio de pétalas!

beijo