sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Neste voo de escrever-te um poema


Neste voo de escrever-te um poema
um poema que falassedos rios ocultos
com cestas de astros e corais
que falasse das flautas de sol
polindo a tarde
e de picaretas de luz
que do peito à boca me ressoam


Um poema com peixes verde-prata
vindo à tona entre os juncos e as palavras
e onde os sapos surpreendidos em seus saltos
deixassem os gritos suspensos
nos cabelos das algas
com regatos de permeio


Um poema que tivesse também
um longuíssimo solo de violino
com todos os mundos que para ti inventei...
- Neste voo de escrever-te um poema
que não sei...

Autor:Victor Oliveira Mateus In "Movimento de Ninguém", Minerva, Lisboa, 1999, p 30.
Foto:Haim Zaslavsk http://plfoto.com/1967498/zdjecie.html

2 comentários:

Sylvia Beirute disse...

belissimo.

Victor Oliveira Mateus disse...

Obrigado pela postagem e um obrigado tb para a Sylvia Beirute.
Tenho a tendência para esquecer estes livros mais antigos e talvez seja injusto com eles...
Um abraço,

V.