Dormi contigo a noite inteira junto ao mar, na ilha. Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono, entre o fogo e a água. Talvez bem tarde os nossos sonos se uniram na altura e no fundo,em cima como ramos que um mesmo vento move,em baixo como raízes vermelhas que se tocam. Talvez o teu sono se separou do meu e pelo mar escurome procurava como antes, quando nem existias,quando sem te enxergar naveguei a teu lado e teus olhos buscavam o que agora - pão, vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos, porque tu és a taça que só esperava os dons da minha vida.Dormi junto contigo a noite inteira, enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos, de repente desperto e no meio da sombra o meu braçorodeava a tua cintura. Nem a noite nem o sonho puderam nos separar.Dormi contigo, amor, despertei, e a tua boca saída do teu sono deu-me o sabor da terra,de água-marinha, de algas, de tua íntima vida, e recebi o teu beijo molhado pela aurora como se me chegasse do mar que nos rodeia.
Autor:Pablo Neruda
Foto:autor/a desconhecido
Autor:Pablo Neruda
Foto:autor/a desconhecido
2 comentários:
Olá, amiga!
Na verdade não tive conhecimento de que tinha postado meu poema.
Ou depois, não me lembrei.
Se assim for, as minhas desculpas.
Obrigado.
Cumprimentos
Olá, de novo.
Acabo de colocar o seu link,
na postagem.
Bjs
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