Aqui estão as minhas escolhas do que considero melhor em Poesia,Prosa Poética e Fotografia. Domingo é dia de trabalhos de minha autoria.
domingo, 2 de agosto de 2015
Nomeei-te no meio dos meus sonhos
Nomeei-te no meio dos meus sonhos
chamei por ti na minha solidão
troquei o céu azul pelos teus olhos
e o meu sólido chão pelo teu amor
Autor : Ruy Belo
sábado, 1 de agosto de 2015
SÁBADO
Um sábado como qualquer outro. E único. Belo azul frio no céu--tecto do mundo e dos dias--saio da concha de mim e vejo o mar das ruas. Sei que estão diferentes, que alguma coisa se perdeu ou acrescentou, mas não distingo. Por essa nuvem de não saber, entra o chumbo liquefeito do tédio. Estarei com os meus companheiros que velam pela beleza do mundo. Encontrarei argumentos, debates, entoarei em voz... clara as vitórias que enaltecem e os perigos que estimulam; esforços onde o fogo se acalme e gaste e nada será suficiente, nada será absoluto. Sei que é um dia de fevereiras emergências. Os caminhos são estes, fui eu que os desenhei sem ao menos uma lição de pintura. Entra o gelo pelo coração acima, por vezes, as veias destravam, ignição desesperada na procura. O Nada sempre triunfa, até o velho jacarandá toma as dores de uma dignidade magoada, uma pose de madeiras gastas, mas de pé. Assume, vegetal, a transcendente banalidade do aprumo e da coragem. Contra ele o vento já nada pode e nada quer. Nada vence.
No meio de grandes decisões e rasgos, de alterosas fúrias, de afirmativos propósitos, escondido procuro a periferia de tudo, uma só hora que brilhe, encanto, inocência pristina, talvez um sorriso, um aceno de ternura ao longe com o sol posto rindo-se da ousadia, ou olhos impossíveis, na neblina do passado ou na pálida cinematografia de um sonho a cores. Nada é real, Nada fica.
Um sábado como nenhum mais.
Autor:Bernardino Guimarães
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Janela Corporal
Zin Limit
Abro a janela do teu corpo
Afasto as vestes dos teus cabelos
Acaricio os degraus do teu seio
E digo-te…
Vem murmúrio doce
A manhã é eterna quando se ama!
Autor : José Luís Outono
in Mar de Sentidos (Ed. Vieira da Silva, 2012)
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Coisas Tuas
para poder estar contigo
na distância.
Para nunca te perder a companhia,
mesmo não estando.
Levo gravado o teu gesto,
o pranto, o riso, e,
(ora inocente, ora picante),
o teu sorriso,
que é a tua expressão,
o teu maior encanto.
E levo um objecto,
teu pertence,
como se o espaço tivesse autoridade
e o tempo nos afastasse.
Como se fosse preciso...
Autor: Margarida Faro
In 44 Poemas (Fonte da Palavra 2011)
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Quero o teu corpo
Nishe
Vejo o teu corpo
deitado no ar que respiro
humedecido de estrelas.
Sinto o teu corpo
de luar que me incendeia
no frio da insónia.
Ouço o teu corpo
Ao sol e à chuva, que afago baixinho
Com mãos de guitarra.
Cheiro o teu corpo
tépido e branco, que me inebria
com pérolas vivas.
Provo o teu corpo
oásis de mim, que ocupo sedento
cheio de água da paz.
Quero o teu corpo
da alma trajado, que anseio ditoso
e arrebatado.
Autor : Jaime Portela
http://riosemmargenspoesia.blogspot.pt/
http://riosemmargenspoesia.blogspot.pt/
domingo, 26 de julho de 2015
....
Dissolvi o tempo em pedaços de ilusões,
desdobrei-me em utopias.
E o dia pachorrento seguiu seu curso
Ignorando a minha sede de
aventura.
Deixem-me só, com os olhos cerrados
eu encontrarei o (meu) caminho.
.
.
BeatriceMar 2013-05-12
Reeditado
foto GNP
Reeditado
foto GNP
sábado, 25 de julho de 2015
...
julie de waroquier
fechaste a porta devagarinho e foste
morrer de mim como se morre
de doença que ninguém espera
e por momentos ainda acredito que
o nosso tempo é este que o relógio guarda
embora saiba que nunca
há relógios certos para o tempo
de quem nos abandona
e as sombras que as persianas desenham nas paredes
servem apenas para tentar salvar a vida de quem
vai regressar em teu lugar
e nem entende por que o chamaram
Autor : Alice Vieira
in OS Armários da Noite(Caminho 2014)
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Pecado Original
Corsino António Fortes
Mindelo, 14 de Fevereiro de 1933
Mindelo, 24 de Julho de 2015
Passo pelos dias
E deixo-os negros
Mais negros
Do que a noute brumosa.
Olho para as coisas
E torno-as velhas
Tão velhas
A cair de carunchos.
Só charcos imundos
Atestam no solo
As pegadas do meu pisar
E fica sempre rubro vermelho
Todo o rio por onde me lavo.
E não poder fugir
Não poder fugir nunca
A este destino
De dinamitar rochas
Dentro do peito...
Autor :Corsino Fortes
(Claridade, 1960
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Pequeno Poema
quando eu nasci
ficou tudo como estava.
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
Autor: Sebastião da Gama
in Antologia Poética(edição póstuma)
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Há
MIra Nedyalkova
há qualquer coisa que me faz desejar-te,
ser qualquer coisa num qualquer lugar teu;
que me faz regressar de qualquer parte.
há qualquer coisa em ti que produz qualquer coisa em mim,
uma qualquer coisa que não encontra um simples fim;
qualquer coisa que simplesmente me ilumina o escuro,
me preenche de qualquer forma, em coisas de alheado,
e que me faz lembrar qualquer coisa sobre o futuro,
qualquer coisa como: ter um qualquer mais cuidado....
Autor: Henrique Caldeira dos Santos
quarta-feira, 15 de julho de 2015
Estamos tão sós
Laura Makabresku
O que nos afasta
uns dos outros
é o que nos aproxima
uns dos outros. Este
ser ao mesmo tempo
um e outro. Este ser
ao mesmo tempo
todo e parte desse
todo. Estamos tão
sós quando nos
bastaria apenas ser.
Autor : luís ene
sábado, 11 de julho de 2015
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Perdi as mãos por tão pouco
lukrecja czerwon ajcio
Perdi as mãos por tão pouco.
Por uma gota da água dos teus olhos,
pelo rumor na tua boca,
pelo ciciar dos ventos nas muralhas.
perdi as mãos por tão pouco…
Ficou-me a fome na boca,
fome de quem nada deseja
para além da antemanhã.
Acho um a um os meus dedos
delgados, ventos nos cabelos,
as palmas das mãos tão sulcadas,
tão leito onde as águas se demoram.
Com as minhas mãos perdidas
encontro branca
a nudez das tuas.
Com elas brinca
a fragrância da madrugada.
Autor : Lília Tavares
in PARTO COM OS VENTOS (Kreamus, 2013)
quarta-feira, 8 de julho de 2015
por ti deitei o meu corpo ao mar
Elena Kalis
por ti deitei o meu corpo ao mar
sem cuidar que a maré me esquecesse
por ti aprendi como as coisas se tocam
como o trigo entende o vento e a terra
como amanhecem as crianças sobre as mães
por ti dormi no sobressalto dos vales
entre sossegos mudos e noites espessas
por ti toquei a gravidez das nuvens
toquei os filhos semeados no inverno
toquei a mulher que espanta o frio
e imaginei que me ouvisses na distância
que me lembrasses a meio do mês branco
quando nos campos as pétalas escrevem
o teu nome quando a mão anuncia a ternura
que é quando os meus olhos procuram os teus
Autor : Vasco Gato
in Um mover de mão, Assírio & Alvim, 2000
segunda-feira, 6 de julho de 2015
...
Percorro
o mesmo caminho
uma e outra vez
e o mesmo caminho
uma e outra vez
conduz-me
a diferentes
e estranhos
locais
Autor : luís ene
locais
Autor : luís ene
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