domingo, 6 de abril de 2014

Hoje sobra-me tempo

António Macedo pintor

Já estamos em Abril, eu nem me apercebi
A hora mudou, esqueci-me de mudar os relógios
É hora de ir embora, arrumo as coisas que estão em desalinho na secretária
Sinto que já foram todos embora
só eu ainda permaneço neste prédio
Vazio e inóspito
Lá fora a tarde está enevoada
Ao longe sinto ecos de uma música
Que parece chamar-me
Estugo o passo e sigo pela rua
Vou ao encontro dela
Vem de um piano bar
Entro
É ainda cedo e está pouca gente
O pianista de costas para mim
Toca num tom alheado sem me ver
Peço algo e fico ali a queimar tempo
Tempo
Tudo reclama dele, eu, hoje sobra-me
Tempo

Faz anos que partiste
E depois eu já não sei que faço do tempo
Este, que me resta!

Eu sei que em casa me espera a gata
E uma cama vazia
.
BeatriceMar

4 comentários:

Pintor de Palavras disse...

há sempre algo mais que o vazio!

Mar Arável disse...

Não há camas vazias

Bjs tantos

Manuel Veiga disse...

em cada esquina da cidade mora a surpresa ... e o encantamento.

beijo

Sónia M. disse...

Deixamos de contar o tempo, e passamos a queimá-lo sem nexo, sem percebermos que é ele que nos queima...

Beijo :)