
Fugiste e contigo fugiu um bocadinho de mim, que desapareceu para sempre, não te iludas: nunca o conseguirás devolver. Acredito que até me queiras devolver tudo aquilo que roubaste, mas não é preciso. Ao partires resgataste parte do meu ser, talvez me tenha tornado mais livre, mas a única certeza é de que me tornei mais só. Não penses assim - não me tornei mais só por estar sem ti, tornei-me mais só, repito, por causa de tudo aquilo o que levas contigo. Partiste e partiram amizades, choros, risos, lembranças e o pior de tudo, sim o pior de tudo, partiu a esperança, a causa, se quiseres a meta, o objectivo, o ideal, o único dos fins. Mais do que os fins, partiram os propósitos, os rumos e o resto, tudo o resto que levas contigo ao partir.
Mas tens culpa? Claro que não tens culpa. Foste onde o teu pensamento te levou, talvez a culpa até tenha sido minha. Sim claro, foi minha. Eu sei que foi minha. Pensava e dizia, sem reflectir agia, perseguia o sonho com maior velocidade do que a vida me perseguia a mim. E depois? Depois tentava fazer-te feliz, fazendo-me também a mim. Claro! Foi aí que eu errei. Se eu te queria fazer feliz, não podia ser egoísta ao ponto de me querer fazer também a mim. Fui estúpido. Justiça? Qual justiça? Não há coisa mais justa do que ser feliz e eu era feliz se te tivesse feito feliz. E o que é isso da felicidade? É apenas tudo o que levas contigo.
Desculpa por teres partido.
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Autor:João Gomes http://oamornostemposdablogosfera.blogs.sapo.pt/
Foto:kiloff jeden