segunda-feira, 24 de março de 2008

não disse nada, amor

Não disse nada nada, amor, não disse nada:
foi o rio que falou com a minha voz
a dizer que era noite e é madrugada
a dizer que eras tu e somos nós.

A dizer os mil rostos de Lisboa
ao longo do teu rosto se te beijo
À luz de um pombo chamo Madragoa
e Bairro Alto ao mar se te desejo.

Não disse nada, amor.Juro, calei-me:
foi uma voz que ao longe se perdeu
Cuidei que era Lisboa e enganei-me
pensei que éramos dois e sou só eu.



António Lobo Antunes
Letrinhas de Cantigas
Página 15




2 comentários:

vieira calado disse...

Amiga:
Pode fazer os "roubos" que quiser, desde que ponha a ligação ao meu blog.
Depois agradecia que me dissesse, para eu ir ajuntando à lista de poemas meus divulgados noutros blogs.
Estou a preparar um livros onde eles são incluídos (com os nomes dos respectivos blogs), mais uns inéditos, mais outros já publicados aqui e ali, em livros colectivos. Chama-se
"Poemas Soltos & Dispersos" II. Porque já há um
"Poemas Soltos & Dispersos I" (esgotado).
Cumprimentos

Anónimo disse...

nao conhecia esta poesia do lobo antunes