sexta-feira, 21 de novembro de 2014

beijo-te

beijo-te na levitação
das almas
dos corpos
pesos mortos
metamorfoses de plumas
e voos
em círculos de espasmos
no cosmos do
enigmático dos
sonhos...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

....


as lágrimas confundiram-se com as aguas que lambiam a areia e me beijavam os pés...
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FotoKomarr

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tenho sonhos e navego as mãos num corpo ausente...
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Foto: alrune

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... conduzi na marginal, estacionei no fundo ao lado da esplanada, entrei e procurei com o olhar alguma réstia da tua presença. disseram-me que depois daquele dia, nunca mais lá tinhas voltado. e eu acreditei!

Beatrice Maio/2010


foto ino2

terça-feira, 18 de novembro de 2014

eu sei

eu sei que não devia, que os reprimi durante muito tempo. mas hoje soltei todos os demónios que havia em mim.
e fiquei livre. sei que eles andam por aí….desorientados . amedrontados e completamente loucos. mas sem mim.
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domingo, 16 de novembro de 2014

Madrugada




Sucos do céu molham a madrugada da cidade violenta.

Ela respira por nós.



Somos os que acendemos o amor para que dure,
para que sobreviva a toda a solidão.

Queimamos o medo, olhamos frente a frente a dor
antes de merecer esta esperança.

Abrimos as janelas para lhes dar mil rostos.
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Autor : Juan Gelman

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

esta noite


esta noite acordei

com a sensação que dormias a meu lado
mas
eu sei que a essa hora
eras apenas um noctivago (mais um)
que nao regressou ao lar.

esta noite ainda chorei por ti!
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Foto:Chocnokuki


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

...

...ando a fugir, mas, ainda não sei porquê...

Foto:Rakowska

domingo, 9 de novembro de 2014

Vieste como um barco carregado de vento, abrindo



António Macedo pintor

Vieste como um barco carregado de vento, abrindo
feridas de espuma pelas ondas. Chegaste tão depressa
que nem pude aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste
o tempo de iludires a arquitectura fria do estaleiro

onde hoje me sentei a perguntar como foi que partiste,
se partiste,
que dentro de mim se acanham as certezas e
tu vais sempre ardendo, embora como um lume
de cera, lento e brando, que já não derrama calor.

Tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar
o dia inteiro, como os pescadores fazem com as redes;
e não existe no mundo cegueira pior do que a minha:
o frio do horizonte começou ainda agora a oscilar,
exausto de me ver entre as mulheres que se passeiam
no cais como se transportassem no corpo o vaivém
dos barcos. Dizem-me os seus passos

que vale a pena esperar, porque as ondas acabam
sempre por quebrar-se junto das margens. Mas eu sei
que o meu mar está cercado de litorais, que é tarde
para quase tudo. Por isso, vou para casa

e aguardo os sonhos, pontuais como a noite.


Autor : Maria do Rosário Pedreira
in Poesia Reunida

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

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... e todas as manhãs eu canto com os passáros aquele poema que ainda não li e sei que (um dia ) tu o escreveste para mim.
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Foto:unseen

domingo, 26 de outubro de 2014

simplicidade


lembro de quando tudo era simples,
e o simples deixou de existir,
porque também nós matamos a simplicidade.
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BeatriceMar 2014-04-21

domingo, 12 de outubro de 2014

hoje

Taylor Marie McCormick

hoje,
neste dia balsamizado de outono,
lanço no voo dos pássaros,
todos os sonhos,
que amontoei, e assim
uma parte de mim,
sobrevoará o país dos sonhos.

se calhar,
talvez,na próxima primavera, 
talvez,
os pássaros me tragam réstias de uma realidade,
em que os sonhos brilhem novamente,
com o seu chilrear em forma de uma sinfonia de Beethoven.
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BeatriceMar

domingo, 28 de setembro de 2014

Desejo

rosie hardy

o corpo descaído,
a melancolia na tarde,
entranhada na epiderme,
a água salgada,
encharcada no corpo lasso,
o fogo cérceo,
a percorrer desejos,
indizíveis.
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BeatriceMar 2014-09-27

domingo, 21 de setembro de 2014

o livro

O livro foi arrumado,para ser esquecido 
na  prateleira mais alta da estante,
da biblioteca.

Inacessível, assim ficou 
olvidado à espera de ser lido,
e deslindado.

E assim ficou anos e anos,
à mercê,
das gerações que se sucederam.

Muito tempo depois,
recebi-o como herança,
e só hoje  eu o descobri.

O livro é meu,
e foi escrito por mim,
há muitos, muitos anos, atrás.

BeatriceMar
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domingo, 14 de setembro de 2014

pássaros nas nuvens

Elena "Kassandra" Vizerskaya

se um dia sentires a minha falta, olha para o céu
à procura de um pássaro,
eu voei com eles,  e nem sei se volto.
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BeatriceMar