sábado, 29 de outubro de 2022

Poesia

Se outras preferiam os tecidos de seda
do desejo
ela dava-se à ganga coçada
do amor
depois de noites mal dormidas.

Derivava pelas ruas perdidas
de uma cidade de luzes aquosas
opostas ao comércio
livre jogando a não ser vista
senão nos inquietantes interlúdios
das árvores.

Pautávamos os nosso sonhos
pelos seus inaudíveis passos,
toques insistentes à porta
a desoras e sem avisar.

Nunca fomos tão felizes
como quando arrancados
literalmente da cama
a seguíamos pelas alamedas
até a um mar sem dano.

Porque de praias e luz
era feito o nosso corpo,
essa espécie de fome.

Autor : Jorge Gomes Miranda
Imagem : Natalie Karpushenko

2 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Imagem e poema fascinantes de ver e ler. Gosto demais.
.
Um Sábado feliz … Saudações cordiais.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Cidália Ferreira disse...

Que poema intenso, maravilhoso!! Amei :)
-
Pintam flores com aguarelas
.
Beijo. Bom fim de semana!