terça-feira, 25 de outubro de 2022

o mar em chamas


todos os livros que leio me falam da tua morte
mas não se pode acreditar em tudo o que se lê
e sabendo embora que a tristeza não existe
não posso deixar de me sentar com a cara apoiada numa das mãos

a vida é uma doença de que alguns se curaram
passo os dias sentado num café à distância
e entre mim e mim existe já uma intimidade insuportável
(como dar de novo ouvidos aos meus mestres de outrora?)

fui dos que julgaram ter nascido para tornar grande o mundo
mas atrasei-me de propósito num quarto cheio de homens
– procuro perceber que tempo é que me cabe –

uma noite fui visto a lançar fogo ao mar

Autor : Bernardo Pinto de Almeida

1 comentário:

- R y k @ r d o - disse...

Imagem e poema, deslumbrantes que me fascinou ver e ler
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Cumprimentos poéticos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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