quarta-feira, 30 de abril de 2014

que importa?


que importa?

se o meu coraçao, ainda 
te quer dar amor,
na forma de uma flor.
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BeatriceMar

segunda-feira, 28 de abril de 2014

todos os dias

todos os dias, renovo as minhas esperanças,
e se não há o verde, eu procuro outras cores,
nas vozes que me ciciam interiormente.
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BeatriceMar 28-04-2014

domingo, 27 de abril de 2014

Soneto do amor e da morte


Vasco Navarro da Graça Moura
Foz do Douro, 3 de Janeiro de 1942
 Lisboa, 27 de Abril 2014


quando eu morrer murmura esta canção que escrevo para ti. quando eu morrer fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Autor : Vasco Graça Moura
in "Antologia dos Sessenta Anos"

sexta-feira, 25 de abril de 2014

cravos

 talvez os cravos já não estejam frescos,
mas,
o dia da liberdade será sempre recordado,
com o aroma de um cravo.
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BeatriceMar

quarta-feira, 23 de abril de 2014

resguarda-me o pensamento


resguarda-me o pensamento,
no sibilar do eco,
que me trespassa os neurónios.

BeatriceMar 23-04-2014

terça-feira, 22 de abril de 2014

Dia da Terra


O Dia da Terra foi criado pelo  senador  Norte Americano Gaylord Nelson, no dia  22 de Abril de 1970.


Tem por finalidade criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a  Terra.

domingo, 20 de abril de 2014

dia de alegria

a minha mãe dizia que o dia de Páscoa era dia de alegria
e eu acho que ela tinha razão.

Páscoa Feliz para todos

BeatriceMar

sexta-feira, 18 de abril de 2014

meu coraçao


dependurado nas alegrias,
esquecido das lutas,
vivendo o dia.
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Beatrice Mar

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A carta de despedida de Gabo


Gabriel García Márques 
06 de março de 1927
17 de Abril de 2014.

Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e desfrutaria de um bom gelado de chocolate.

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, jogar-me-ia de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como também a minha alma.

Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo das suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!… Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem de que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.

Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar.

A uma criança, daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.

Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.

Tantas coisas aprendi com vocês, os homens… Aprendi que todos querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a rampa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do pai, tem-no prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.

São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, a mim não poderão servir muito, porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer.”

Autor : Gabriel García Márques,

terça-feira, 15 de abril de 2014

o teu nome

Foto : Sofia Rosero
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o teu nome lembra-me a fragilidade das tulipas,
e de todas as coisas possíveis,
que os aromas conseguem traduzir.
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BeatriceMar

domingo, 13 de abril de 2014

quando


Quando não conseguimos ou não podemos,
contemplar o sol,
temos de nos concentrar nas estrelas,
e até  a  cintilação que delas expele,
despertará em nós,
a suavidade das flores,
e desta luz que ilumina,
a minha noite.

Não estou só!

Nunca, ninguém está completamente só.
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Autor : BeatriceMar 2014-04-13

sexta-feira, 11 de abril de 2014

sempre


sempre existiram portas fechadas,
temos de lembrar-nos  que as janelas existem,
e podem ser a salvação de muita coisa.
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BeatriceMar

quinta-feira, 10 de abril de 2014

muitas vezes

 muitas vezes a beleza do caminho,
é somente aquilo que os nossos olhos,
querem ver.
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Autor : BeatriceMar

terça-feira, 8 de abril de 2014

...

© Momicheta



Não sei sobre pássaros,
não conheço a história do fogo.
Mas creio que minha solidão deveria ter asas.

Autor : Alejandra Pizarnik

domingo, 6 de abril de 2014

Hoje sobra-me tempo

António Macedo pintor

Já estamos em Abril, eu nem me apercebi
A hora mudou, esqueci-me de mudar os relógios
É hora de ir embora, arrumo as coisas que estão em desalinho na secretária
Sinto que já foram todos embora
só eu ainda permaneço neste prédio
Vazio e inóspito
Lá fora a tarde está enevoada
Ao longe sinto ecos de uma música
Que parece chamar-me
Estugo o passo e sigo pela rua
Vou ao encontro dela
Vem de um piano bar
Entro
É ainda cedo e está pouca gente
O pianista de costas para mim
Toca num tom alheado sem me ver
Peço algo e fico ali a queimar tempo
Tempo
Tudo reclama dele, eu, hoje sobra-me
Tempo

Faz anos que partiste
E depois eu já não sei que faço do tempo
Este, que me resta!

Eu sei que em casa me espera a gata
E uma cama vazia
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BeatriceMar

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Tenho um decote pousado no vestido

Alexia Conti



Tenho um decote pousado no vestido e não sei se voltas, 
mas as palavras estão prontas sobre os lábios como
segredos imperfeitos ou gomos de água guardados para o verão.
E, se de noite as repito em surdina, no silêncio
do quarto, antes de adormecer, é como se de repente
as aves tivessem chegado já ao sul e tu voltasses
em busca desses antigos recados levados pelo tempo:


Vamos para casa? O sol adormece nos telhados ao domingo
e há um intenso cheiro a linho derramado nas camas.
Podemos virar os sonhos do avesso, dormir dentro da tarde
e deixar que o tempo se ocupe dos gestos mais pequenos.

Vamos para casa. Deixei um livro partido ao meio no chão
do quarto, estão sozinhos na caixa os retratos antigos
do avô, havia as tuas mãos apertadas com força, aquela
música que costumávamos ouvir no inverno. E eu quero rever
as nuvens recortadas nas janelas vermelhas do crepúsculo;
e quero ir outra vez para casa. Como das outras vezes.

Assim me faço ao sono, noite após noite, desfiando a lenta
meada dos dias para descontar a espera. E, quando as crias
afastarem finalmente as asas da quilha no seu primeiro voo,
por certo estarei ainda aqui, mas poderei dizer que, pelo
menos uma ou outra vez, já mandei os recados, já da minha
boca ouvi estas palavras, voltes ou não voltes.

Autor : Maria do Rosário Pedreira