sábado, 4 de abril de 2015

Poema 2


Katerina Plotnik



De tarde, no campo, nenhum pássaro cantou;
e só neste fim de dia um vento traz o assobio
da primavera melancólica: despedidas,
imagens breves, nenhuma inspiração. O sopro nocturno,
porém, anuncia um reflexo de espelho no fundo
do corredor. A voz surge de um dos quartos
em que a ausência se perde. Um baço
murmúrio se aproxima do gemido que evoca
o mar - sem que a onda se decida, quebrando
o som agonizante. Então, abro a porta
e chamo-te; sabendo que só a noite me responderá.

Autor Nuno Judice in «Poesia Reunida 1967 -2000», ibidem

1 comentário:

O Puma disse...

Uma passagem para a outra margem