quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Podia dizer-te hoje



Podia dizer-te hoje,
Que nunca te deixei.
Por nenhum momento.
Ouvia-te chorar dentro de ti.
E as tuas lágrimas
Inundavam as planícies, negras
E acidentadas, do meu corpo
Pela erosão dos teus dias.
Já não tenho lugar
No silêncio onde moram as gaivotas,
Nem na tua pele, onde dantes,
Desenhava constelações.
Já não deixamos as roupas
Debaixo dos luares
Dos nossos corpos,
Nem sentimos o galopar
Dos nossos corações,
Por entre bosques
E lábios de silêncio.

Autor Paulo Eduardo Campos
in «Na serenidade dos rios que enlouquecem»,

1 comentário:

brancas nuvens negras disse...

Um poema de aceitação de um fim... embora as memórias permaneçam.
Um abraço.