terça-feira, 21 de novembro de 2023

Vésperas Portuguesas

o dia corre de poente para nascente, a chuva
é um lençol tenso sobre os velhos que separam
as lembranças, com palavras que não chegam
a dizer: esquecem os subterfúgios do tempo
e avançam cambaleantes pelas grandes fissuras
entregues ao despovoamento alucinante

no interior dos carros, os crimes
são ligeiras confidências


Autor : Rui  Nunes,
in Ofício de Vésperas
Imagem :Silena Lambertini

1 comentário:

brancas nuvens negras disse...

Um poema, um poema, um poema... quase hermético.