sábado, 25 de novembro de 2023

Ofício

Apagas uma palavra como o vendo árido a pegada.
Sem piedade, limpas do branco o balbucio ténue
como quem arranca do chão a erva daninha.

Fica entre os dedos um cheiro a terra fresca., húmida

e fértil.

Lavrador de música, pegas noutra.
Esperas que nesse passe um barco, os cântaros se encham
de vinho para a festa, ou uma maçã amadureça
nos tristes galhos do inverno.

Nunca sabes: as palavras são bailarinas imprevisíveis,
ou te levam para um campo de águas bravas
ou fogem de ti rindo, por seres tão pobre.

Autor : Eduardo Bettencourt Pinto
Imagem : Karrah Kobus

1 comentário:

brancas nuvens negras disse...

Quando as palavras tomam conta da nossa imaginação.
Um abraço.