sexta-feira, 28 de abril de 2017

Serenata à Chuva

Laura Lee Zanghetti

Chuva, manhã cinza, guarda-chuva.
Entrar no contexto, dois pontos. Ele e ela
abraçados caminham sob o tecto
do guarda-chuva que os guarda.
Pelas ruas vão com a vontade de voltar
ao branco dos lençóis. Esse objecto prosaico
que às vezes se vira com o vento
torna-se objecto de poema. Dizer também
como a chuva é doce neste dia de verão.
Como o amor altera o sentido da chuva,
sim, como ela se eleva no ar e as frases se colam
ao vestido. No interior da pele o poema mudou
desde que entraste no guarda-chuva esquecido
a um canto do armário. Talvez o amor seja tudo amar
sem excepção. Eu que nunca uso guarda-chuva
assino incondicionalmente este poema.

Autor : Rosa Alice Branco
in 'Soletrar o Dia'

1 comentário:

LuísM Castanheira disse...

... também eu, também eu
assino a pureza do poema.
só falta um banco de jardim
para observar o par entre pingos de chuva e a flor...Tudo em mim.
Belo.
Bjs, BeatriceM​