sábado, 23 de maio de 2015

À conversa



nas nossas conversas parecia que tudo poderia ser reescrito.
elas tinham os contrastes do gosto dos morangos frescos
e o efeito de um analgésico de longa duração.

as nossas conversas uniam as noites aos dias com luz própria
e apagavam dos dias e das noites as sombras descabidas.
a linguagem deitava-se docemente para nos servir os sobressaltos
e os sossegos, que se alimentavam nos abraços e beijos
das palavras que tinham o mesmo sentido e sentimento.

nas nossas conversas trocávamos as horas e delas fazíamos desejos
tão humildes, mas onde cabia o mundo e havia sempre um caminho,
ainda que não se pudesse trilhar; ainda que o tivéssemos que corrigir.

não existiam pecados nas nossas conversas, tudo era salvação e horas
de suspiros, de arrepios, de respiração, de olhares e de inspiração.
eram maios de janelas abertas por todo e para todo o ano
e suponho que, não sei bem quanto e bem onde, ainda o são…


Autor : Henrique Caldeira dos Santos

1 comentário:

Mar Arável disse...

Palavras encantatórias