quinta-feira, 13 de março de 2014

Volta...

Cyril ROLANDO
Já sei pouco...
Cada vez menos... um ou outro passo deste caminho cego, turbulento, espiral de anestésicos e alcool, substancias de controlo do descontrolo.

Sei cada vez menos de como perder...

Creio que me encontro agora tendo já tudo perdido, sobrevivente ao que foi, parte estragada de sonho e quimera, sou sombra, retrato desfocado, longinquo de mim mesmo.

Hoje de repente acordo e chamo o teu nome...

Esta noite persegue-me como um poema que é apenas a métrica sem poema nem vontades. Tenho mil ilusões... quando abro as mãos percebo todas elas uma por uma a levantar voo.

Para lá de mim, despeço-me de mim, encontro-me numa esquina que insisto em abandonar. Pergunto ao espelho "quem és tu" o ser do outro lado, queda-se imovel na minha posição que é a dele. É assim que vivo, imovel, quedo numa posição que não quero mas é minha e o outro lado do espelho sou eu.

Vem! Deixa que chore ao menos esta noite, perdido entre os estilhaços.

Abro a mão, tenho pouco a oferecer.

Sei pouco...

Sim, sei pouco, cada vez menos...

Sei que o céu tem estrelas que estão sempre lá, dia e noite. Sei um pais de inutilidades...

Sei...

Um medo de quem eramos apenas... volta...

Autor : Ar 31 de Novembro de 2006

1 comentário:

Mar Arável disse...

Ver o outro lado espelho

só de olhos fechados