domingo, 12 de janeiro de 2014

Vôo de Tejo sem asas



Vôo de Tejo sem asas. Nem de velas.
Nem de partidas. Ou de mil desmedidas
Chegadas...

É de névoa o horizonte em que me despenho...

Ousamos o que sabemos nos passos
Que não damos. E ficamos...

Não mais Pirâmedes
Corroídas. Areias do deserto.
Vento suão de mil enganos.
Não mais Nilos...

Quem de Helena, tróias?!
Quem tece o rosto de Penélope
Em meus dedos?
Que romanos, que glórias?
Que Cervantes? que mistérios?
Que Machados? que Castelas?
Que sêdes de mil anos?

Torrentes de água pura
Nerudas. Índios. Neves de montanhas.
Meu sangue fervendo no gelo das estepes...

Quem me arde nesta dor?
Que sal? Que mar? Que guindastes? Que pimentas?
Que Bandarras? Que poetas?
Que Vieiras?

Camões de luto. Jangadas. Capelas imperfeitas
e Pessoa no proscénio...

não mais heróis
não mais ilhas
nem míticas profecias...

E no entanto este Povo
Este olhar desamparado que queima em cada gesto

E este fado. E este fardo...

2 comentários:

Sónia M. disse...

Um poema excelente, que eu gostei muito de ler. Obrigada por esta partilha.

Beijo

Sónia

Manuel Veiga disse...

grato. fica muito bem aqui neste teu belo espaço.

privilégio meu.

beijo