passado é ainda o mesmo passado –nenhum
rosto diferente para desviar o rio da memória,
nenhum nome depois. Para te esquecer,
devia ter partido há muito tempo.como viajam
as aves de verão em verão.E tentei; mas as malas
abertas sobre a cama eram livros abertos, e eu
nunca fechei um livro antes do fim. Por ter
ficado, nada mudou jamais –e o meu passado é
ainda o nosso passado; e o rosto que tinha antes
de me deixares é o que o espelho me devolve no
presente…
Autor Maria do Rosário Pedreira
Foto: anna66