terça-feira, 20 de maio de 2025

Madrugada


Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite

a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes

Autor : Ferreira Gullar

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- Intenso, profundo, a requerer grande reflexão
..
“” Saudações cordiais ““
.

brancas nuvens negras disse...

Um poema de carácter político que apreciei.

Eros de Passagem disse...

Neste poema se identifica a definição que o poeta deu em entrevista para o nascimento da poesia:
“Eu costumo dizer que a poesia nasce do espanto, de alguma coisa que te surpreende, que se revela inesperada, misteriosa ou bela ou enfim”.
Um abraço,