sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Desterro

 

A minha vida
é um desterro sem retorno.
Não teve casa
minha errante infância perdida,
não tem terra
meu desterro.
A minha vida navegou
em barco de nostalgia.
Vivi à margem do mar
olhando o horizonte:
tornava minha casa ignorada
um dia pensava em zarpar,
e a pressentida viagem
me deixou em outro porto de partida.
É o amor, acaso,
o meu último cais?
Oh braços que me fizeram prisioneira,
sem me dar abrigo…
Também quis escapar
do cruel abraço.
Oh braços fugitivos,
que em vão buscaram minhas mãos…
Incessante fuga
e anseio incessante
o amor não é porto seguro.
Já não há terra prometida
para a minha esperança.

Autor : Alaíde Foppa
Imagem : Erik Johansson

2 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Imagem e Poema deslumbrantes que muito gostei de ver e ler. Cumprimentos poéticos

brancas nuvens negras disse...

Viver eternamente no exílio. É isso!!!