quarta-feira, 28 de abril de 2021

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Começávamos o dia por baixo
pelo tempo da pedra. A escarpa muscular
onde ia gastando os teus sapatos.
Manhãs compridas que chegavam ao mar.
Trazíamos as letras inclinadas trazíamos
na ponta da língua o nome dos naufrágios
e estávamos à mesa como um corpo de baile.
Uma subsistência sonora era esse
o estado da arte: éramos as claves do sul
de lábios estendidos à medida das máscaras.
Eu ia de rastilho, de árvore acesa. Ia iluminando a mão
com que batias no fundo. Traçava as águas
juntava as pernas para as covas do teu dente.
Passavam orlas e orlas e nós naquela descoberta
naquela terra toda à vista brincando ao verão
aos redemoinhos na chávena.

Autor : Catarina Nunes de Almeida

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Apenas uma frase " Foto e poema, brilhantes ".
.
Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Cidália Ferreira disse...

Um poema maravilhoso! Lindo :))
~
Queria ser um jardim para o teu olhar...
~
Beijo, e uma excelente tarde!

Mário Margaride disse...

Mais um belíssimo poema aqui nos presenteias.
O lirismo patente neste poema, é fantástico!
Leva-nos a divagar pelas nossas emoções...

Boa semana e um beijinho!