segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

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Norvz Austria

De tanto olhar pelo olho de vidro da dor
secaram-se-me os olhos.
Faço-me e desfaço-me em pele por vestir
um olhar apagado no passar dos teus dias
onde não me acho real.

O tempo habitua a dor para que já não doa.
Depois que se entende tudo é um denso vazio
a apontar o lugar onde antes havia uma ferida.

Ali esgravato para que sangre sobre a folha
duas ou três gotas de um verso só
onde um mundo gira ao contrário
para chegar ao encontro das horas.

Amarro o teu nome à palavra instante
antes que durma
e até por detrás do véu dos sonhos
o instante não é nome
ou palavra mais ou menos que seja
do que aquilo que na minha noite mergulha:
- coisa nenhuma.

O relógio marca a ilusão
de um amanhã que não chega.
Ainda assim te digo

até amanhã...

Autor : Sónia M
http://soniagmicaelo.blogspot.pt/

2 comentários:

LuísM Castanheira disse...

outro amanhã nascerá...
um belo poema na dor não consentida.

Sónia M. disse...

Deixo um beijo.
Obrigada!