quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O Pecado da Gula

paolo barzman
Ontem à tarde saí.
Queria passear as lembranças
que um dia de chuva faz crescer em nós.
Há dias que o vento rondava a casa
cheio de segredos incompletos
a roçar-me a orelha. E eu não resisto
ao sabor do vento
e a uma boa história para enganar o frio.

É fácil perdermo-nos nas ruas.
Nunca se regressa pelos mesmos caminhos
mas todos parecem iguais
com o cheiro da chuva a deixar o alcatrão
e a subir na memória
de outras ruas.
Mas há só um caminho que trilhamos. O corpo
é uma bússola fiel que segue pela estrada
enquanto o pó se levanta
muito para além dos nossos passos.

Autor : Rosa Alice Branco
in'Animal Volátil'

2 comentários:

Mar Arável disse...

O pó circula
desvenda caminhos

LuísM Castanheira disse...

todos os outros caminhos a nós vão dar...