quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Soneto do Amor e da Morte

Ionut Caras

quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Autor:-Vasco Graça Moura
in Antologia dos Sessenta Anos(ed. Asa, 2002)

1 comentário:

LuísM Castanheira disse...

foi (e é) bom encontrar aqui e novamente ler este excepcional poema de amor e despedida do Vasco graça moura.