quarta-feira, 8 de julho de 2015

por ti deitei o meu corpo ao mar

Elena Kalis
por ti deitei o meu corpo ao mar
sem cuidar que a maré me esquecesse
por ti aprendi como as coisas se tocam
como o trigo entende o vento e a terra
como amanhecem as crianças sobre as mães

por ti dormi no sobressalto dos vales
entre sossegos mudos e noites espessas
por ti toquei a gravidez das nuvens
toquei os filhos semeados no inverno
toquei a mulher que espanta o frio

e imaginei que me ouvisses na distância
que me lembrasses a meio do mês branco
quando nos campos as pétalas escrevem
o teu nome quando a mão anuncia a ternura
que é quando os meus olhos procuram os teus


Autor : Vasco Gato
in Um mover de mão, Assírio & Alvim, 2000

1 comentário:

MARIPA disse...


Um poema muito belo de Vasco Gato. Bem haja por partilhá-lo.

Beijinho amigo, Beatrice.