sábado, 11 de outubro de 2008

A Casa Quieta



"Quero acreditar que já não estarias em casa por alturas em que cheguei mas não sei dizer. A verdade é que não te procurei. Mais uma vez. Penso que fiz as coisas do costume, penso hoje quando penso nisso que fiz as coisas do costume, terei deixado o sobretudo ao acaso, abri o frigorífico fechei abri uma outra vez, sem saber bem o que procuro, acontece-me quase sempre. As coisas do costume. Vagueei sem saber bem, o sobretudo caído alguém há-de arrumar, tu tratas disso. Do frigorífico abro fecho abro outra vez, quero pouco, não sei que quero, deixei de beber prometi-te acho que te prometi, não sei que beba."


Autor:-Rodrigo Guedes de Carvalho
Excerto :A Casa Quieta
Foto:Mabar

1 comentário:

Átila Siqueira. disse...

É a solidão, o mal de nosso século. Ter de se acostumar com ela não é fácil. É uma dor forte em demasia, e é mais que dor, porque é uma dor oca, trazida por um vazio que dilacera.

Gostei muito da escolha do texto.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.

PS: Depois me visite, estou sentido sua falta lá no meu blog.