terça-feira, 14 de maio de 2024

Adeus


Chegar ao fim de maio com sal na camisa,
espelhos de água
quebrados junto aos pés;
tudo o que foi o mar, noites nos pátios,
velas, gerânios, cânticos
e barcos crepusculares navegando nos cabelos
de quem te ouvia como se fosses um príncipe.
Tudo fecha-se agora com pesadas chaves,
nos últimos botões da camisa.
Sobre as velhas telhas destas casas
onde os pombos nascem estrangeiros,
ouves a brisa, um frémito de pedra violada
pela irradiação solar.
O silêncio nasce
no momento em que fechas a janela
e o teu olhar se enrola
no último rumor das cortinas.

Autor :Eduardo Bettencourt Pinto
In :Cântico sobre uma gota de água
Imagem : Matt Cherubino

1 comentário:

brancas nuvens negras disse...

Tudo o que começa... acaba, por vezes contra a nossa vontade.