sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Por tudo que fomos.


Por tudo que fomos.
Por tudo o que não conseguimos ser.
Por tudo que se perdeu.
Por termos nos perdido.
Pelo que queríamos que fosse e não foi.
Pela renúncia.
Por valores não dados.
Por erros cometidos.
Acertos não comemorados.
Palavras dissipadas.
Versos brancos.
Chorei pela guerra cotidiana.
Pelas tentativas de sobrevivência.
Pelos apelos de paz não atendidos.
Pelo amor derramado.
Pelo amor ofendido e aprisionado.
Pelo amor perdido.
Pelo respeito empoeirado em cima da estante.
Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa.
Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados.
Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa.
Por tudo que foi e voou.
E não volta mais, pois que hoje é já outro dia.
Chorei.
Apronto agora os meus pés na estrada.
Ponho-me a caminhar sob sol e vento.
Vou ali ser feliz e já volto.

Autor : Caio Fernando Abreu
Imagem : anna derzhakaya

3 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Passando, vendo a foto, lendo o lindíssimo poema, elogiando, e deixando votos de um:
.
Feliz Ano Novo para si e família
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Cidália Ferreira disse...

Deixo os meus votos extensivos para todos os familiares e amigos. Obrigada pelo carinho no meu Cantinho.
.
Que as dificuldades consigam ser ultrapassadas, são os desejos para 2023
.
BOAS FESTAS
Beijo/Abraço.

Maria Rodrigues disse...

Hoje, este poema tocou-me particularmente a alma. Tudo o que foi já não volta mesmo, mas não podemos perder a esperança e por isso, vamos acreditar que seremos felizes no próximo ano.
Feliz Ano Novo!