quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Paisagem Citadina


A pele por fulgurantes
instantes muitas vezes abre-se até onde
seria impensável que exercesse
com tão grande rigor o seu domínio.

Não temos então dela senão rápidas
visões, onde os reclames
do coração se cruzam, solitários
e agrestes, reflectidos

por trás nos ossos empedrados.
Em certas posições vêem-se as cordas
do nosso espírito esticadas num terraço.

A roupa dói-nos porque, embora
nos cubra a pele, é dentro
do espírito que estão os tecidos amarrados.

Autor : Luís Miguel Nava, in 'O Céu Sob as Entranhas'
Imagem :Ilya Kisaradov

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Lindíssimo de ler.
Cumprimentos poéticos

Cidália Ferreira disse...

Parabéns. Gostei muito do poema!! :))
-
A vida são finos instantes que se aproveitam
-
Bom Ano, e uma excelente tarde!

Paula Saraiva disse...

Adorei ler.beijinhos e uma boa noite