sábado, 19 de dezembro de 2020

quando falo de lugares

 

quando falo de lugares cidades países 
não são viagens não são imagens para ter à sobremesa ou vestidas de cão 
à hora de fugir no saco com gavetas incerto voante por Sintra 
de nada servirá sentares-te ao espelho no meio de tanto gado e porcelanas 
sorridente amável satanás de província 
abres os olhos sobre os teus olhos intemerato pensa-dor 
e as coisas ardem por dentro alheias á tua memória 
a terra imóvel apesar de toda a árdua astronomia E eis senão quando 
as carruagens apressam o passo para o cais 
cavalos pesarosos com coloridas grinaldas militares É altura de exclamares avidamente 
Paris, Berlim, São Petersburgo, o Mundo! Como quem engole lorenine 
antes da neve pedra cair por dentro como um coágulo de vozes 
um pássaro cai na água adormecido por um tiro arriscando-se a uma morte prematura 
a cada passo tropeço em ti E este é um poema de amor encomendado de véspera 
embrulho-me nele acordo com a tua boca húmida nos cabelos 
não direi que te amo

Autor  : António Franco Alexandre

1 comentário:

Mário Margaride disse...

Olá amiga!
Lindos lugares aqui nos trazes. Cada um com a sua beleza e fascínio!
Votos de um excelente fim de semana, e feliz Natal!
Beijinhos!