terça-feira, 24 de setembro de 2019

Enterro sob o sol

Era a calma do mar naquele olhar
Ela era semelhante a uma manhã
teria a juventude de um mineral
Passeava por vezes pelas ruas
e as ruas uma a uma eram reais
Era o cume da esperança: eternizava
cada uma das coisas que tocava
Mas hoje é tudo como um fruto de setembro
ó meu jardim sujeito à invernia
A aurora da cólera desponta
já não sei da idade do amor
Só me resta colher as uvas do castigo
Sou um alucinado pela sede
Caminho pela areia dêem-me um
enterro sob o sol enterro de água

Autor :Ruy Belo
em «Transporte no Tempo» (1973), in Todos os Poemas
Imagem : Mirella Santana

1 comentário:

Luccas Neto disse...

Achei muito interessante atualemnte esta sua postagens. Parabéns!
Número dos famosos