quarta-feira, 1 de agosto de 2018

...


Preferia não saber das ruas
onde posso desfazer-me do desejo.
Ir ao encontro das estátuas
para me refazer do medo.

A noite é pequena e cabe
num gesto atirado ao ar
quando se parte sem olhar para trás,
nem necessidade de confirmar amor algum.

Tirei tudo dos bolsos.
Toquei o rosto para sentir a temperatura.
Não estou morta nem vou morrer.

De regresso a casa, a única certeza:
que a manhã virá para reflectir a palidez,
a habitual dificuldade em existir cedo.

Autor : Marta Chaves
em Pedra de Lume, Lisboa: Paralelo W, 2013, p. 27.

1 comentário:

Larissa Santos disse...

Um poema fantástico:))

Do Gil António. Amor: Oásis de frescura em secos areais

Bjos
Votos de uma boa noite.