sexta-feira, 24 de novembro de 2017

De que serviu ir correr mundo,

Anka Zhuravleva
De que serviu ir correr mundo,
arrastar, de cidade em cidade, um amor
que pesava mais do que mil malas; mostrar
a mil homens o teu nome escrito em mil
alfabetos e uma estampa do teu rosto
que eu julgava feliz? De que me serviu

recusar esses mil homens, e os outros mil
que fizeram de tudo para eu parar, mil
vezes me penteando as pregas do vestido
cansado de viagens, ou dizendo o seu nome
tão bonito em mil línguas que eu nunca
entenderia? Porque era apenas atrás de ti

que eu corria o mundo, era com a tua voz
nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, o teu nome
nos meus lábios de cidade em cidade, o teu
rosto nos meus olhos durante toda a viagem,

mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.

Autor : MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA
In Nenhum nome depois
(2004)

1 comentário:

_ Gil António _ disse...

Bom dia

Visitando encontrei um blogue muito sedutor, super poético, onde a palavra é o bálsamo inferida no sentimento. Fiquei seguidor e linkei seu blogue no meu, Brincando com as Palavras
.
Deixo cumprimentos poéticos
.