sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O espírito

Trini Schultz

Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
A vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

Autor : Natália Correia

3 comentários:

Majo Dutra disse...

Pertinente e muito bem lembrado,
este belo soneto.
Beijinho Beatrice.
~~~~~~~~~~~

Mar Arável disse...

Sempre a nossa Natália
Bj

LuísM Castanheira disse...

"Mátria" Natália...
como esquecida está...e tão pobre ficamos.